segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Esboço para auxiliar os professores da EBD

Elaboração da Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais

Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084 1524
 Domingo: 18/07/2013
LIÇÃO 07 – A ATUALIDADE DOS CONSELHOS PAULINOS - 3º TRIMESTRE 2013
(Fp 3.1-10)
INTRODUÇÃO
Uma das principais características da Bíblia é a sua contemporaneidade. Suas doutrinas e ensinos são atuais. Quando lemos
as epístolas paulinas, por exemplo, podemos ver claramente que os problemas que surgiram nas igrejas do primeiro século, também
ocorrem em nossos dias. Consequentemente, os conselhos e ensinos apostólicos servem para a Igreja do século XXI. Nesta lição,
estudaremos o texto de (Fp 3.1-10), onde veremos os ensinos paulinos sobre a alegria no Senhor; as advertências quanto aos inimigos
da fé; o significado da verdadeira circuncisão; em que nós devemos nos gloriar; e, finalmente, quais as prioridades da vida cristã.
I – A ALEGRIA NO SENHOR
Já vimos que a Epístola aos Filipenses foi escrita quando o apóstolo Paulo estava preso em Roma (Fp 1.12,14). No entanto,
ele não demonstra angústia, tristeza ou frustração; pelo contrário, é nesta carta em que ele mais descreve o seu regozijo (Fp 1.4,18;
2.2,17; 3.1; 4.1,4,10), bem como o seu desejo que os irmãos de Filipos estivessem alegres (Fp 3.1). O termo deriva-se do grego chairõ
e significa “alegrar-se muito” ou “grande gozo”. O desejo do apóstolo era que os cristãos vivessem alegres, independente das
circunstâncias (II Co 1.5; 4.8,9; 7.4; I Ts 1.6). Mas, essa alegria só é possível através da nossa fé em Cristo e da morada do Espírito
Santo em nós (Rm 12.12,15; 14.17; II Co 6.10; 13.11; Gl 5.22; Fp 2.18; 4.4; I Ts 5.16).
II - ADVERTÊNCIAS QUANTO AOS INIMIGOS DA FÉ
O apóstolo Paulo fez uma tríplice advertência acerca dos inimigos da fé em Fp 3.2. Três vezes ele diz: “guardai-vos”, ou
seja, “vigiai”, “estai atentos”. Alguns estudiosos dizem que as expressões “cães...maus obreiros...circuncisão”, não se trata de três
classes de pessoas, mas, de apenas uma, os judaizantes. Estes eram judeus cristãos que de tão apegados ao judaísmo, ensinavam que
os gentios, além de crer em Cristo, deveriam guardar a circuncisão (Gl 5.2) e os dias santos judaicos (Gl 4.10). Os judaizantes
insistiam que a salvação vinha pelas obras da Lei. Por isso, o apóstolo Paulo é tão taxativo quando se dirige a eles. Vejamos:
2.1 “Guardai-vos dos cães” (Fp 3.2-a). Os cães eram considerados animais imundos na sociedade oriental. Eles não eram
domesticados como hoje, pois eram selvagens e viviam soltos como os lobos. Paulo faz uso dessa comparação para dizer que os
cristãos de Filipos deveriam ter cuidado com os judaizantes para que suas doutrinas e suas práticas não viessem macular a pureza da
igreja. Semelhantemente, a Igreja necessita estar vigilante quanto as heresias, ou seja, falsos ensinos e falsas doutrinas, que podem
surgir, inclusive, no meio do povo de Deus (Gl 5.20; I Tm 4.1; II Pe 2.1-3).
2.2 “Guardai-vos dos maus obreiros” (Fp 3.2-a). Paulo se referia aos falsos obreiros, como em (II Co 11.13) onde ele chama de
obreiros fraudulentos. Com certeza, estes eram homens que não tinham o chamado divino para o ministério e nem as qualidades dos
companheiros de Paulo, tais como: fidelidade e zelo pela doutrina, como Timóteo e Epafrodito (Fp 2.19, 25). Tal qual nos dias de
Paulo, muitos falsos obreiros têm se levantado no meio do povo de Deus, principalmente na mídia televisiva, pregando um evangelho
distorcido, sem cruz e sem renúncia (Mc 8.34; Lc 9.23), conduzindo as massas a uma falsa espiritualidade, onde os valores monetários
são mais importantes do que as virtudes da vida cristã (II Pe 2.3; I Co 13.13).
2.3 “Guardai-vos da circuncisão” (Fp 3.2-a). O termo grego usado por Paulo aqui é katatome que significa “falsa circuncisão”, em
contraste com peritome, que quer dizer “circuncisão”. Paulo faz uso desse termo para demonstrar que os judaizantes ensinavam os
cristãos gentios a se circuncidarem (At 15.5). O apóstolo declara, que a verdadeira circuncisão é uma obra do Espírito no coração da
pessoa, pela qual o pecado e o mal são cortados (Rm 2.25-29; Cl 2.11). Hoje, esses religiosos representam aqueles que estão mais
preocupados com rituais e liturgias religiosas do que ter um coração contrito e quebrantado (Is 1.10-17; 57.15; Jr 6.20; Sl 51.17) .
III – A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO
O apóstolo deixa bem claro que a verdadeira circuncisão não é física, e sim, espiritual: “Porque a circuncisão somos nós,
que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3.3). Vejamos:
3.1 “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito” (Fp 3.3a). Enquanto os judaizantes se gloriavam do pacto
da circuncisão, Paulo ensina que a verdadeira circuncisão é operada no coração (Rm 2.25-29; Ef 2.11; Cl 2.11). No original grego, o
termo é latruo, que originalmente significa “servir por aluguel” ou, simplesmente, “servir”. Nas páginas do NT essa palavra é
usada para indicar o serviço ritual, como vemos em (Hb 8.5; 9.9; 10.2; 13.10), mas também indica adoração e serviço de modo geral
(Lc 1.74; Rm 1.9).
3.2 “...e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não nos gloriamos na carne” (Fp 3.3b). Em outras palavras, Paulo estava dizendo que a
confiança do cristão não deve estar baseada no esforço e sacrifício humano, e sim, no que Cristo fez por nós. Enquanto os judaizantes
se gloriavam na Lei e nos sacrifícios mosaicos, que, embora importantes para os judeus, eram apenas sombra das coisas futuras
(Hb 8.5; 9.5; 10.1); nós nos gloriamos em Cristo (I Co 1.31; II Co 10.17) e em sua cruz (Gl 6.14). A palavra “carne” neste texto não
indica “natureza má”, e sim, coisas humanas, ou seja, as coisas feitas pelo homem em benefício próprio. A ideia de gloriar-se na
carne também é mencionada em (II Co 11.18; Gl 6.13,14).
IV – MOTIVOS PELOS QUAIS PAULO PODERIA SE GLORIAR
Em (Fp 3.4-6) Paulo declara que se os privilégios da carne tivessem méritos próprios, ele teria, mais do que todos, muitos
motivos para se gloriar. Vejamos:
4.1 “Circuncidado ao oitavo dia”. A circuncisão era o símbolo do pacto abraâmico (Gn 17.10-27; 21.4). Com esta expressão, o
apóstolo Paulo estava dizendo que ele não era um convertido à fé judaica, nem fora admitido depois de adulto como um prosélito. Ele
era judeu de nascimento, e foi circuncidado ao oitavo dia, conforme a Lei (Lv 12.3; Lc 1.59; At 7.8).
4.2 “Da linhagem de Israel”. Com estas palavras Paulo estava afirmando que era da linhagem de Jacó, que posteriormente passou a
se chamar Israel (Gn 32.28; Rm 11.2). Consequentemente, ele declara que não descendia de uma raça mista, como muitos habitantes
da Palestina, mas da descendência dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, que eram herdeiros da promessa (Dt 1.8; 6.10; 9.5; II Rs
13.23).
4.3 “Da Tribo de Benjamim”. Paulo era da tribo de Benjamim, uma herança extremamente considerada pelos judeus. De sua tribo,
havia nascido Saul, o primeiro rei de Israel (I Sm 10.20-24), de quem se deriva o nome do próprio apóstolo, Saulo (I Sm 9.1,2). Para
os judeus isto tinha bastante relevância porque, quando as doze tribos se dividiram –reino do Norte e reino do do Sul – somente
Benjamim se manteve fiel a linhagem de Judá (I Rs 12.21).
4.4 “Hebreu de Hebreus”. O termo hebreu deriva-se de Eber, descendente de Sem, filho de Noé (Gn 10.21) e que, antes do cativeiro
babilônico falavam hebraico, mas, após o cativeiro, o aramaico. Paulo declara que não era um meio-judeu, e sim, um judeu, filho de
pais judeus. Em outras palavras, ele estava dizendo que a sua genealogia demonstrava que sua origem era judaica, tanto por parte de
pai como também de mãe.
4.5 “Segundo a lei, fui fariseu”. Os fariseus faziam parte de um partido religioso cujo principal interesse era a observância da Lei de
Moisés. E Paulo foi um deles . Ele praticara desde a infância, com grande zelo, tudo quanto os fariseus afirmavam ser importantes (At
22.2; 23.6; 26.5).
4.6 “Segundo o zelo, perseguidor da Igreja”. Por causa de seu zelo para com a Lei (Jo 16.1-3) e de sua sua ignorância e
incredulidade, Paulo, que também se chamava Saulo, desejou aniquilar os seguidores de Jesus e exterminar o Cristianismo (I Co
15.9; Fp 3.6; I Tm 1.13). Por isso, ele pediu cartas ao sumo sacerdote para perseguir os cristãos e conduzi-los presos à Jerusalém (At
9.2; 22.5; 26.12).
4.7 “Segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”. O termo grego para “irrepreensível” é amemptos, que significa
“inculpável”, “sem falta”, ou “sem nenhum defeito”. Isto demonstra claramente o quanto o apóstolo viveu de forma íntegra,
procurando agradar a Deus, antes mesmo de sua conversão.
V- PRIORIDADES DA VIDA CRISTÃ
Depois de demonstrar que não tinha motivos para se gloriar na “carne”, ou seja, rituais, genealogia e justiça própria, o
apóstolo declara quais são as prioridades da vida centralizada em Cristo (Fp 3.7,8). Vejamos:
5.1 “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo (Fp 3.7). Nesse texto, Paulo demonstra que todos os seus
privilégios raciais e zelo pela observância da Lei era, na verdade, um empecilho para a autêntica vida espiritual. A palavra “ganho”
deriva-se do grego kerde e significa “vantagem”, “lucro”, “proveito”. Já o termo grego para “perda” é zemia, que quer dizer
“dano”, “desvantagem”. Em outras palavras, ele diz que tudo aquilo que ele considerava importante e de valor duradouro, passou a
considerar como “perda”. Ele passou a ter um novo conceito de perdas e ganhos (cf Lc 9.23,24; I Co 3.21,23).
5.2 “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”
(Fp 3.8a). Paulo diz neste texto que, depois do encontro com Cristo, todas as coisas que ele poderia se gloriar, como a sua genealogia
e partido religioso, por exemplo, passou a reputar como perda pela excelência do conhecimento de Cristo.
5.3 “... pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” (Fp 3.8b). O
apóstolo declara que as coisas terrenas são, simplesmente, incomparáveis, em relação a Cristo. É como aquele homem que achou um
tesouro escondido em um campo, e, por causa dele, vendeu tudo quanto tinha e comprou o campo (Mt 13.44); ou como outro homem
que vendeu tudo quanto tinha para comprar uma pérola de grande valor (Mt 13.45,46).
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, os mesmos conselhos paulinos para os filipenses, servem também para nós hoje. Por isso, tal qual os
crentes em Filipos, devemos nos alegrar no Senhor, independente das circunstâncias; estar atento quanto aos falsos obreiros, falsos
mestres e suas heresias; compreender que a verdadeira circuncisão é espiritual; e, por isso, devemos reconhecer que não devemos nos
gloriar na carne, ou seja, genealogia, religião e justiça própria, mas, em Cristo, pois Ele é o nosso maior tesouro e a razão do nosso
viver.
REFERÊNCIAS
· Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
· CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado Versículo por Versículo. HAGNOS.
· MARTIN, Ralph P. Filipenses, Introdução e Comentário. VIDA NOVA.
· STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD

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